

por Patrícia Konder Lins e Silva
2012 – Escola Parque
Os alunos chegam à escola com uma bagagem de crenças morais fundadas nas experiências do convívio com outras crianças e com adultos e no encontro com as regras sociais. Trazem opiniões sobre o que é bom ou mau, justo ou injusto, numa interpretação do que viram ou vivenciaram.
A transmissão de saberes não é a única atribuição da escola, que se espera que cuide da formação global da criança e do jovem, incluindo a construção moral. Moral não é simplesmente transmissível ou ensinável. A moral se constrói num processo de transformação interna do sujeito.
A obediência a regras por temor da autoridade ou comportamentos socialmente positivos para agradar alguém não são condutas morais. Para a formação de uma moral autônoma, é preciso desenvolver as intenções morais.
O comportamento moral é o que adere à lei porque reconhece sua necessidade e não porque teme a punição ou para comprazer seja quem for. Não basta ser polido, agradecer e pedir desculpas. É preciso refletir com o grupo sobre os problemas encontrados – cola, preguiça de fazer o trabalho, brigas entre colegas, rejeições, bullying e tantas outras – para construir a moral intencional. Nessas conversas, aprende-se a escutar o outro e a perceber os sentimentos alheios. É assim que se forma um sujeito autônomo, responsável por suas ações e que leva em conta o bem-estar dos outros porque sabe que sua ação tem o limite da existência de um outro.
A construção moral é ligada à construção intelectual e constrói-se num processo longo de discussão durante a formação das pessoas.
*Patrícia Konder Lins e Silva é pedagoga e diretora da Escola Parque