

por Fernanda Flores
2010 – Escola da Vila
Conversas em sala de aula, alunos circulando e compartilhando suas produções, tirando dúvidas entre eles. Essa é uma cena comum em escolas, desejável aos olhos de uns e aflitiva aos olhos de outros.
Desejável pela ideia de disciplina como clima favorável ao trabalho, com alunos e alunas que se reconhecem em diversos tipos de aula. Sabem em quais conversar e fazer circular como pensam ou resolvem uma dada situação. Reconhecem o que se espera deles e sabem também quando escutar atentamente, quando anotar, quando trabalhar em silêncio, interagindo com o professor como autoridade que rege a classe.
Aflitiva aos olhos de quem anseia controle absoluto da situação de aula e tem dificuldades com a cessão da palavra (ou do poder da mesma), reconhecendo em sua tarefa de ensinar a necessidade de retorno individual e imediato, de preferência daquilo que foi tratado a cada aula, parte por parte. Considera-se aqui a existência de uma única maneira de se portar em aula e o professor como quem exerce o controle sobre os alunos.
Será que existe essa disciplina, sempre a mesma em qualquer situação de ensino e aprendizagem?
Quando se acredita que cada circunstância de aula tem uma demanda para os alunos e para o professor em função dos objetivos planejados e das características do conteúdo tratado, como nós, educadores da Vila, acreditamos, sabe-se que para cada proposta de ensino haverá uma disciplina mais favorável ao trabalho proposto e às aprendizagens esperadas.
O que nos parece mais importante e merecedor de destaque é a existência de um trabalho transversal, que ocupa tempo precioso em todos os segmentos, que é o de formar a postura de estudante, de construir situações sobre as quais as crianças e jovens participem da análise das condutas pessoais nas situações de aprendizagem e aprendam, eles próprios, a regular suas atitudes e postura em aula.
De nosso ponto de vista, o papel do professor nesse processo é indiscutível, mas o que ele almeja é diferente… Trabalhamos para que os alunos possam se autorregular e valorizem um clima de trabalho favorável, adequado às demandas apresentadas a cada desafio proposto. A disciplina ajustada à situação de aula, como valor para os alunos e não somente para o professor.
*Fernanda Flores é diretora pedagógica da Escola da Vila