

Por Carlos Alberto Nascimento, coordenador do Ensino Médio da Escola Parque
Texto desenvolvido com base no Seminário Educação para Sustentabilidade.
O tema sustentabilidade tornou-se obrigatório nas agendas das sociedades e das empresas em decorrência de um modelo de desenvolvimento ancorado em premissas e práticas que não levaram em conta a finitude dos recursos naturais, a preservação da biodiversidade e o cuidado com a conservação do Planeta e a qualidade de vida das pessoas que o habitam.
Vivemos um momento de repensar a nossa relação com a natureza, que vem sofrendo um processo de degradação e exploração pelas ações do homem, sem o tempo necessário dela renovar alguns serviços fundamentais à qualidade da vida como a água, energia e fertilização dos solos, comprometendo desta forma a existência da diversidade dos biomas, a sobrevivência dos seres que neles vivem e suas cadeias alimentares e reprodutivas, além de comprometer os padrões de vida das gerações futuras. As mudanças no clima do planeta também constituem um outro exemplo do risco que nos assola.
Vivemos um momento de repensar nossas crenças na racionalidade instrumental-analítica dos modernos, no ideário de progresso, que vem norteando nossa forma de produzir e viver, fonte geradora da degradação ambiental e das ameaças à nossa existência.
É tempo de refletir sobre o que estamos fazendo com as nossas vidas e a do Planeta.
Quando sabemos que o que assistimos hoje é resultado de escolhas e decisões humanas passadas, temos a responsabilidade de repensar nossas práticas, atitudes e este modelo civilizatório, visando a conjugar o uso racional dos recursos naturais com a busca de um modelo de sociedade que conjugue uma vida digna e justa para todos e a integração com a natureza.
Educar para a sustentabilidade é:
- mudar a forma de pensar e de se relacionar com a natureza
- construir um novo modo de viver, produzir, distribuir bens e de consumir (Leonardo Boff)
- a educação sustentável não se preocupa apenas com uma relação saudável com o meio ambiente, mas com o sentido mais profundo do que fazemos com a nossa existência, a partir da vida cotidiana (Moacir Gadotti)
- criar uma nova cultura no ambiente escolar, voltada para a melhoria da qualidade de vida da comunidade escolar e do seu entorno
- romper com uma visão antropocêntrica onde nos colocamos acima, fora e contra a natureza
- fazer a opção pela Terra e pela humanidade, face às ameaças que pesam sobre a Terra e o risco de desaparecimento da espécie humana (Boff)
- solidarizar com as gerações futuras
- educar para a paz, para os direitos humanos e justiça social
- formar cidadãos capazes de compreender os desafios socioambientais para desenvolver ações na construção de uma sociedade sustentável
O que nos orienta?
“Ou formamos uma aliança global para cuidar da Terra e uns dos outros, ou então arriscamos a nossa destruição e a devastação da diversidade da vida” (Boff)
A finitude dos recursos naturais nos coloca diante de alguns dilemas éticos e morais, pois é (in)sustentável para o planeta que o padrão de consumo e de produção de bens possam ser compartilhados por toda as nações.
Diante disso, somos desafiados a tomar decisões pessoais e sociais, que podem impactar o futuro da nossa sociedade.
Decisões pessoais como separar o lixo para reciclagem ou não, optar pelo transporte coletivo ou solidário e deixar o carro na garagem, e decisões sociais como apoiar ou não a construção de usinas nucleares, investir em fontes alternativas de energia, são escolhas e decisões que não podem ser delegadas aos especialistas.
Enquanto cidadãos, é fundamental que participemos das discussões relativas às questões cientificas, ambientais e sociais e que saibamos nos posicionar frente às mesmas tomando parte nas decisões sobre o nosso futuro.
A tendência da tecnocracia é transferir a “comitês de especialistas” problemas que são de todos os cidadãos: os transportes, a saúde, o ensino (Pierre Thuillier).
As controvérsias ético morais potencializam a capacidade dos jovens de desenvolver sua capacidade de aprender, discutir e criticar, além de se sentirem parte integrante da sociedade.
Princípios éticos que nos orientam:
- Ética do Cuidado e da Compaixão
- Ética da Planetaridade
- Ética da Solidariedade e da Cooperação
- Ética da Responsabilidade
- Carta da Terra
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