

Reorganizar o currículo de forma indisciplinar, dar mais escolha aos alunos e flexibilizar a grade de horários serão os grandes desafios das escolas Critique nos próximos anos.
Com o intuito de trocar experiências referentes ao presente e futuro do ensino médio em contexto de reformas educacionais e novas implementações pedagógicas, educadores da Escola da Vila, Escola Parque, Escola Viva e Grupo Balão Vermelho/Mangabeiras se reuniram nos dias 15 e 16 de agosto para o seminário “O Ensino Médio que temos e o Ensino Médio que faremos”. O encontro aconteceu em dois dias: o primeiro na sede da Escola da Vila e o segundo, na Escola Viva. Na parte inicial, as escolas apresentaram o histórico de implantação do plano pedagógico de suas instituições e como viveram o desafio de dar continuidade a propostas construtivistas consolidadas e consagradas com os alunos menores. Na segunda parte, a discussão priorizou os temas derivados das mudanças em curso e o planejamento curricular para os próximos anos, em função da Reforma do Ensino Médio e da implantação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
“Como fazer uma escola que tenha sentido para o aluno?” foi a preocupação que pautou todo o encontro, considerada a distância existente entre o interesse dos jovens em relação a currículos fechados exclusivamente em conteúdos disciplinares. O primeiro consenso dos participantes foi considerar a conjuntura de adequação à reforma do Ensino Médio e implementação da BNCC como oportunidades de promover alterações e ajustes importantes em seus projetos de trabalho. Evidentemente há críticas à Reforma e à Base, mas o grupo foi unânime em admitir a necessidade de reorganizar o currículo de forma indisciplinar, dar mais escolha aos alunos e flexibilizar a grade de horários.
A análise das possibilidades de construção de “itinerários”, componentes do projeto pedagógico que abordam temas e métodos não pertencentes à base comum curricular, foi inicialmente realizada no primeiro dia, trazendo questões como formas de conexão de seus eixos temáticos com as áreas comuns do conhecimento e formatos para seu estabelecimento, como oficinas ou laboratórios. No segundo dia, quando este tema foi aprofundado, o grupo se deparou com propostas diversificadas, formas bastante distintas de resolver esta questão, mas igualmente consistentes com foco nos valores educacionais comuns a estas escolas.
Foi posto em debate o que é realmente entendido como “básico-comum” no currículo escolar, levando em conta os desafios entre planos pedagógicos de cunho mais conteudista em relação à prática construtivista. Considerando o construtivismo como uma abordagem pedagógica que torna o aluno protagonista no processo de aprendizagem, e não apenas um receptor do contexto no qual vive, foi levantada a seguinte questão: o que significa formar um cidadão no contexto brasileiro?
É possível notar que todas as novas propostas se alicerçam em dispositivos pedagógicos já construídos e testados pelas escolas. A Escola Parque, com forte tradição de realizar os cursos de aprofundamento no contra-turno com o programa Saber Mais, contou sobre suas experiências para construção de novas propostas. A Escola da Vila se apoiou no espírito das suas Semanas de Atividades Diversificadas (SAD), destacando a partir delas os princípios que devem estar presentes na sua futura organização curricular: escolha, agrupamentos multisseriados e temas emergentes do interesse dos alunos. A Escola Viva foi buscar em seu dispositivo de Propostas Integradas a inspiração para começar a planejar uma nova abordagem com os estudantes. A Balão Vermelho/Mangabeiras, que tem o Ensino Médio mais jovem entre as escolas Critique, conta com a produção coletiva de seus profissionais para analisar as habilidades propostas pela BNCC e, assim, identificar as melhores opções para elaborar os itinerários optativos.
Ao final do encontro, o grupo discutiu com entusiasmo a possibilidade de elaboração de um “dossiê temático” para divulgação de suas iniciativas, com o intuito de colaborar com outras instituições. Os participantes consideraram repetir este encontro em forma de mesa redonda, para que outros colegas educadores possam aproveitar das reflexões e elaborações em curso, além de estudar outros formatos para construção de atividades do Critique.
Confira as imagens do seminário na galeria abaixo: