

Por Diana Pessoa de Almeida, Gabriela Machado Galindo e Verônica Bochio, da Escola da Vila
Nos dias 18, 19 e 20 de setembro de 2019, aconteceu o Primeiro Seminário de Idiomas das Escolas Critique em São Paulo. Aos professores e formadores de língua estrangeira que atuam diariamente para construir o currículo da área nas suas respectivas escolas, somaram-se coordenação e direção pedagógica, além de um time de especialista, que contribuiu para a discussão de temas relevantes para pensar e repensar o ensino e a aprendizagem de línguas.
O primeiro dia trouxe a apresentação da Professora Doutora Antonieta Megale. A sua fala abordou temas atuais e importantes para compreensão das diferenças entre formação e educação bilíngue, termos que, segundo Megale (2005, p. 1), ” se tornaram não só difíceis de conceituar, mas também sujeitos a definições um tanto quanto divergentes”. Compreender a formação do sujeito bilíngue nos diversos espaços escolares, sendo de currículo/programa bilíngue, internacionais ou ditos “monolíngues”, nos deu ferramentas para olhar os projetos de nossas escolas a partir de uma nova perspectiva.
A Professora Doutora Fernanda Liberali foi a palestrante do segundo dia. Entre as muitas discussões levantadas por ela, a ideia de um desenho curricular desencapsularizado e o conceito de mobilidade promoveram reflexões importantes, que se estenderam para outros espaços de discussão do seminário. Ao traçar um panorama das estratégias de ensino mais comumente adotadas, Liberali defendeu um currículo que seja flexível e que dê ferramentas para que alunas e alunos sejam agentes com mobilidade (BLOMMAERT, 2014) e potencialidade de transformar suas comunidades.
Sandra Rodrigues, segunda especialista do dia 19/09, instigou a reflexão sobre as abordagens de ensino e aprendizagem para crianças pequenas. Ao compartilhar suas experiências acadêmicas e de docência, Rodrigues trouxe um olhar para o protagonismo das crianças pequenas nos seus processos de aquisição de língua estrangeira.
Avaliação foi o tema abordado por Sandra Durazzo no último dia de seminário. Ela traçou um panorama para pensarmos caminhos para uma avaliação formativa, que seja potente tanto para o aluno ter consciência sobre o seu próprio processo de aquisição de língua quanto para que o professor tenha instrumentos para acessar o percurso de seus alunos, podendo assim oferecer ajudas e fazer ajustes nos seus encaminhamentos. Como inserir avaliações externas que se tornem significativas para estudantes e instituição foi outra questão importante trazida por Durazzo.
Em comum, as quatro especialistas defenderam que o currículo da área de língua estrangeira deve estar alinhado com o projeto político-pedagógico da instituição, algo que ficou evidente na apresentação feita pelas escolas nesses dias de seminário. Ao compartilharem seus projetos, objetivos para área, conquistas e metas futuras, os representantes das diferentes instituições mostraram que, apesar de terem em comum a concepção de ensino, as escolas do Grupo possuem suas individualidades, o que se traduz em currículos únicos que atendem às necessidades das suas comunidades. Conhecer o modo particular de organizar o currículo de língua de cada escola, nos permitiu ampliar o olhar e repensar ou confirmar as nossas próprias escolhas. As perguntas “qual formação bilíngue queremos para nossas escolas” e “quais são as características das nossas comunidades e como elas traduzem nossos currículos?” foram centrais para a discussão.
A trajetória do ensino de idiomas nas escolas levantou questões importantes. Do receio, há 15 ou 20 anos, de se iniciar o ensino de inglês nas séries iniciais do primeiro ciclo ao entendimento de que aquisição de idiomas se dá por meio de exposição e imersão, as escolas têm fortalecido seus programas de língua estrangeira, acompanhando as novas discussões sobre o tema. Sendo assim, gradativamente o espaço para o estudo da língua estrangeira ou por meio da língua estrangeira tem a aumentando em cada uma dessas instituições. Entendemos que a ampliação do tempo para a formação bilíngue nas escolas tem se dado não somente por demandas da comunidade escolar, mas principalmente por reconhecermos na aprendizagem de uma segunda língua um potente instrumento para o desenvolvimento cognitivo dos estudantes.
Os três dias de trabalho contaram com um ambiente acolhedor no qual todos se sentiram à vontade para expor não só seus sucessos, mas principalmente suas angústias e dúvidas. E nessa troca genuína, construímos coletivamente a identidade do grupo de escolas Critique ao mesmo tempo que fortalecemos as nossas identidades como instituições de estados diferentes e com características e comunidades distintas. Voltamos para nossas escolas com muitas respostas, algumas perguntas e a certeza de que destes dias de trabalho sairão parcerias ricas, que resultarão em uma formação bilíngue mais rica para nossos alunos e alunas.